março 27, 2010

Divã

Sou eu que começo? Não sei bem o que dizer sobre mim. Não me sinto uma mulher como as outras.

[...]

Mas segui todos os mandamentos de uma boa menina: brinquei de boneca, tive medo do escuro e fiquei nervosa com o primeiro beijo.

[...]

Adoro massas cinzentas, detesto cor-de-rosa. Penso como um homem, mas sinto como mulher. Não me considero vítima de nada. Sou autoritária, teimosa e um verdadeiro desastre na cozinha. Peça para eu arrumar uma cama e estrague meu dia. Vida doméstica é para os gatos.

Martha Medeiros

Cadê eu?

De repente olhei para o espelho e não me vi,
existia apenas agitações, satisfações, novidades a todo o momento.
Nada era concreto, tudo tão abstrato, não encontrava meus traços.
Desespero, calma! Encontrei a razão.

Gradativamente reconstruo o quebra-cabeça.

março 24, 2010

Constantes mudanças.

Em estado de constantes mudanças,
me torno cada vez mais inconstante.
Um mistério para eu mesma, como diria Clarice.
Porém, Peter Pan, eu sou.
Meu voo independe de bons pensamentos.
Me desligo, me afasto, saio do chão
mesmo com os pés fixos e corpo presente.
Faço malabarismos com meus sentimentos.
Sigo sem rumo, mudo-o a todo instante,
apago minhas pegadas e assim me liberto.
Em silêncio eu grito.
Em mente discuto minhas contradições,
tenho necessidade de razões, do abstrato, do intenso.
Desconheço-me a cada segundo,
Meu incontrolável estado metamorfósico
impede-me de escrever uma auto-biografia.
Vivo com poucas emoções e próprias teorias.
Minha memória não é mais a mesma,
embora ainda haja nostalgia.
Enjoo da rotina,
assim saio de uma ideologia e entro em outra.

Sinto, vejo, julgo tudo o que vem de mim.

Ouço,falo quando necessário.

E assim vou deixando espaços nas entrelinhas do tempo
espaços meus, tempos meus, solidão, eu diria.

Eu, minha melhor compania.

março 18, 2010

Sentimental.

Você subverteu o que era um sentimento e assim,
fez dele razão pra se perder no abismo que é pensar e sentir.
(Los Hermanos)

março 17, 2010

Microondas.

E o bom e velho gosto de romance antigo é sempre bom de recordar.
(Bidê ou balde)