outubro 31, 2010

Preciso afogar as mágoas de um amor não vivido, não sentido.
É a necessidade de um coração por muito tempo não habitado,
Mas que sente falta do pulsar acelerado.
Agura é dor vaga ao expressar o ócio.

Sufoca-me uma vontade efêmera de sentir...
Dor, amor, ódio, paixão... Qualquer emoção!

Em qual estado está a minha montanha-russa interna?
Inércia, aposto!

Quero viajar pelo mundo, andar pelos anéis de Saturno,
e lá do alto recitar as mais belas frases de amor.

Quero bailar de mãos dadas com as estrelas cintilantes,
Adormecer nos braços de Morfeu,
A sonhar no conforto das crateras lunares,
Pegar carona na cauda de um cometa,
A sobrevoar o Universo,
Poder dizer que a Terra é azul!

Enfim, fugir, fugir, fugir...

outubro 27, 2010

“— E você, por que desvia o olhar?

(Porque eu tenho medo de altura. Tenho medo de cair para dentro de você. Há nos seus olhos castanhos certos desenhos que me lembram montanhas, cordilheiras vistas do alto, em miniaturas. Então, eu desvio os meus olhos para amarrá-los em qualquer pedra no chão e me salvar. Mas, hoje, não encontraram pedra…Encontraram flor. E eu me agarrei às petalas o mais que pude, sem sequer perceber que estava plantada em um desses abismos, dentro dos seus olhos.)

— Ah, porque sou tímida…”

(Rita Apeona)

outubro 12, 2010

Trecho Dom Casmurro - Machado de Assis


[...]Olhos de ressaca? Vá, de ressaca. É o que me dá idéia daquela feição nova. Traziam não sei que fluido misterioso e enérgico, uma força que arrastava para dentro, como a vaga que se retira da praia, nos dias de ressaca.[...]

Dom Casmurro - M. de Assis

outubro 10, 2010

Um caos interno acontece...
As sensações despecam a todo momento, como se estivessem transformado-se pedras, em uma queda brusca e livre no abismo do meu ser.
Elas berram de forma ensurdecedora e aguda, porém, ecoa em silêncio, arrepia-me por inteira.
Sinto necessidade de vomitá-las, têm me causado nós na garganta, dores no órgão que pulsa o sangue.
Sou tão quente e fria ao mesmo tempo, letrista que age calculadamente a procura das palavras, do sentido, da expressão ideal, do desembargo dessas emoções contorcionistas que têm posse de mim.
Estou embriagada de loucura, e injetei vida demais essa noite, o meu êxtase é o surto.
Sinto cada palavra inexpressiva percorrer pelas minhas veias, a entopi-las.
Meu suor é poesia que escorre pelo meu corpo, mas não encontro uma folha para secar-me e deixá-las registradas, tão incompreensíveis...
Um mistério a mim, a ti, a nós!
Um brinde!
Brindemos à todas decepções, angústias, cicatrizes e feridas frescas, mas brindemos principalmente à máscara que esconde esse conjunto, nos permitindo enganar, mentir, manipular, forjar...
Torna-se um escudo contra demais torturas inconscientes, incuráveis, permanentemente marcadas de forma tão invisível.

outubro 09, 2010

Amor Marginal - Banda Tagore ( Geléia do Rock Multishow )

Há tempos não via uma letra, tampouco uma voz dessa nos dias atuais.


Se tu viesses ver-me.

Se tu viesses ver-me hoje à tardinha,
A essa hora dos mágicos cansaços,
Quando a noite de manso se avizinha,
E me prendesses toda nos teus braços…

Quando me lembra: esse sabor que tinha
A tua boca… o eco dos teus passos…
O teu riso de fonte… os teus abraços…
Os teus beijos… a tua mão na minha…

Se tu viesses quando, linda e louca,
Traça as linhas dulcíssimas dum beijo
E é de seda vermelha e canta e ri

E é como um cravo ao sol a minha boca
Quando os olhos se me cerram de desejo
E os meus braços se estendem para ti…

Florbela Espanca

De amor...

De amor eu falo tanto,
De amor eu me encanto,
De amor eu choro, sofro, sorrio, sinto!
De amor eu respiro,
De amor eu padeço,
De amor eu amo,
De amor enlouqueço!
De amor de mãe, pai e tia,
avô, avó e madrinha.
De amor amigo, sincero, irritante, instigante.
De amor pelas flores aos suspiros delirantes.
De amor espontâneo, construído, correspondido (ou não),
sincero, sagaz, a confundir com paixão,
por tantas vezes a despedaçar o coração.
De amor eu recito, canto, suplico,
percorro caminhos em busca do fruto proibido.

De amor, de amor, de amor...
eu ei de morrer, mesmo sem o seu rosto conhecer.

O amor comeu

O amor comeu meu nome, minha identidade, meu retrato.

O amor comeu minha certidão de idade, minha genealogia, meu endereço.

O amor comeu meus cartões de visita.

O amor veio e comeu todos os papéis onde eu escrevera meu nome.

O amor comeu minhas roupas, meus lenços, minhas camisas.

O amor comeu metros e metros de gravatas.

O amor comeu a medida de meus ternos, o número de meus sapatos, o tamanho de meus chapéus.

O amor comeu minha altura, meu peso, a cor de meus olhos e de meus cabelos.

O amor comeu meus remédios, minhas receitas médicas, minhas dietas.

Comeu minhas aspirinas, minhas ondas-curtas, meus raios-X.

Comeu meus testes mentais, meus exames de urina.

O amor comeu na estante todos os meus livros de poesia.

Comeu em meus livros de prosa as citações em verso.

Comeu no dicionário as palavras que poderiam se juntar em versos.

Faminto, o amor devorou os utensílios de meu uso: pente, navalha, escovas, tesouras de unhas, canivete.

Faminto ainda, o amor devorou o uso de meus utensílios: meus banhos frios, a ópera cantada no banheiro, o aquecedor de água de fogo morto mas que parecia uma usina.

O amor comeu as frutas postas sobre a mesa.

Bebeu a água dos copos e das quartinhas.

Comeu o pão de propósito escondido.

Bebeu as lágrimas dos olhos que, ninguém o sabia, estavam cheios de água.

O amor voltou para comer os papéis onde irrefletidamente eu tornara a escrever meu nome.

O amor roeu minha infância, de dedos sujos de tinta, cabelo caindo nos olhos, botinas nunca engraxadas.

O amor roeu o menino esquivo, sempre nos cantos, e que riscava os livros, mordia o lápis, andava na rua chutando pedras.

Roeu as conversas, junto à bomba de gasolina do largo, com os primos que tudo sabiam sobre passarinhos, sobre uma mulher, sobre marcas de automóvel.

O amor comeu meu Estado e minha cidade.

Drenou a água morta dos mangues, aboliu a maré.

Comeu os mangues crespos e de folhas duras, comeu o verde ácido das plantas de cana cobrindo os morros regulares, cortados pelas barreiras vermelhas, pelo trenzinho preto, pelas chaminés.

Comeu o cheiro de cana cortada e o cheiro de maresia.

Comeu até essas coisas de que eu desesperava por não saber falar delas em verso.

O amor comeu até os dias ainda não anunciados nas folhinhas.

Comeu os minutos de adiantamento de meu relógio, os anos que as linhas de minha mão asseguravam.

Comeu o futuro grande atleta, o futuro grande poeta.

Comeu as futuras viagens em volta da terra, as futuras estantes em volta da sala.

O amor comeu minha paz e minha guerra.

Meu dia e minha noite.

Meu inverno e meu verão.

Comeu meu silêncio, minha dor de cabeça, meu medo da morte.


do livro Os Três Mal-Amados – João Cabral de Melo Neto

O amor comeu - Recitado pelo Cordel de fogo encantado.

O amor comeu meu nome, minha identidade, meu retrato
O amor comeu minha certidão de idade, minha genealogia, meu endereço
O amor comeu meus cartões de visita
O amor veio e comeu todos os papéis onde eu escrevera o meu nome
O amor comeu minhas roupas, meus lenços e minhas camisas
O amor comeu metros e metros de gravatas
O amor comeu a medida de meus ternos, o número de meu sapato, o tamanho de meus chapéus
O amor comeu minha altura, meu peso, a cor de meus olhos e de meus cabelos
O amor comeu minha paz e minha guerra,
meu dia e minha noite,
meu inverno e meu verão

Comeu meu silêncio,
minha dor de cabeça,
meu medo da morte.

João Cabral de Melo Neto

[ Recitado pelo Cordel de fogo encantado
http://www.youtube.com/watch?v=0ibBmsBRxEU&feature=player_embedded ]

Imagem: To our time together - Vladimir Kush

outubro 04, 2010

Agônia sufocante.

Ah, esses encantos espontâneos, repentinos que insistem em me atormentar.
Aparecem derrepente, sem hora marcada, de forma inesperada e faz meu coração pulsar.
Pulsa de forma dilacerante, intensa, inconstante aceleração constante.
É explícita a necessidade de saltar do peito, atravessar o horizonte sem mais explicações.
Veio pronto, não houve construção... é paixão!
Contra meu controle, a favor da minha vontade, confronta minha vaidade.
É angústia, medo e dor!
É alegria, esperança, frustração, sabor! Ardor! Dor!
Ardor do fogo que queima sem se ver.
Do sentimento indesejado, insaciável, inalcansável.
Do reconhecimento d'alma semelhante que está às cegas.
Da impaciência, fúria, ansiedade total!

Procuro teus braços pra ir de encontro ao meu conforto que encontra-se entrelaçado em sua pele, percorre pelas suas veias, artérias... por você!
Já não sei mais se devo considerar esse blog de minha autoria, ou um tributo à Clarice, Caio Fernando e Cazuza, ou simplesmente uma singela homenagem à Ana Cañas.
Ela é mais que um sorriso tímido de canto de boca, dos que você sabe que ela soube o que você quis dizer. Ela fala com o coração e sabe que o amor não é qualquer um que consegue ter. Ela é a sensibilidade de alguém que não entende o que veio fazer nessa vida, mas vive."

Caio Fernando Abreu.

Luz antiga.

Pra medir o amor não existe cálculo
Um mais um pode não ser dois
Futuro é linda paisagem
Desejo que não é sonho é mera ilusão
[...]
Mentir é pura vaidade
De quem precisa se esconder
[...]
O sangue é o rio que irriga a carne
E a alma é a terra de um morro
É luz antiga o fim da tarde
Essa saudade sem socorro

Ana Cañas

Para todas as coisas

Para seduzir, olhar
Para divertir, bobagem
Para o carro, devagar
Mas para enfrentar, coragem

Para acreditar, mentira
Para discutir, opinião
Para levantar, sol
Mas para dormir, colchão

Para entender, conflito
Para se ganhar, amigo
Para deletar, mensagem
Para o verão, viagem

Para fofocar, revista
Para distrair, TV
Para uma dieta, açúcar
E para amar, você

Para encontrar, vontade
Para atravessar, a ponte
Para desejar, sorte
E para ouvir, Marisa

Para Capitu, Machado
Para uma mulher, Clarice
Para Guimarães, Brasil
Na terceira margem do rio

Para o secador, molhado
Para o colar, anel
Para o batom, um beijo
Sempre muito apaixonado

Para se pintar, espelho
Para se perder, aposta
Para dividir, segredo
Para namorar, se gosta

Para um biscoito, avó
Para comprar, essencial
Para todas as coisas, nó
E para terminar, final

Ana Cañas

[ http://www.youtube.com/watch?v=y_vpIPxxn8o&feature=player_embedded ]

Vida louca vida.

Vida louca vida
Vida breve
Já que eu não posso te levar
Quero que você me leve
Vida louca vida
Vida imensa
Ninguém vai nos perdoar
Nosso crime não compensa
[...]
Tô cansado de tanta babaquice, tanta caretice
Desta eterna falta do que falar Se ninguém olha quando você passa você logo acha que a vida voltou ao normal
Aquela vida sem sentido, volta sem perigo
É a mesma vida sempre igual
[...]
Você acha que não tá legal
Corre todos os perigos, perde os sentidos
Você passa mal

Cazuza

Mundo que não se vê.

"Fome é comer o que vê pela frente e achar delicioso, apetite é comer apenas o que a alma deseja." - Prof° Dra. Carla Mirella

O quanto isso me fez pensar não está escrito.

É dor,é crescimento!

Escondendo a mim mesma a verdade, aquela que faço os outros ver, que transpareço escondendo o olhar não é a mesma que me deparo diante do espelho, por mais sujo que esteja, não deixa de refletir os milhares de pontos de interrogação que me rodeiam. É o orgulho, o medo, que me faz vestir uma máscara que não é minha, encontrei-a perdida em qualquer rua e agora tornou-se meu escudo. Pra variar, dos tombos demoro a me reerguer literalmente, dou um passo de cada vez, não apago as lembranças, mais tarde elas me lembrarão o quanto fui forte, e eu sigo, eu finjo, eu digo tudo em prol da auto-proteção. É a lição, a vida me joga na cara que existe sempre um vento mais forte que o nosso muro, estar segura não é o bastante, a pior parte é manter-se assim.
[...]É um grito, quase um mito, uma prova de amor[...]

Subentenda.

A partir da procura, o encontro.
É tudo e nada ao mesmo tempo, tudo o que esperava, tudo que já vivi, e nada... nada daquilo que é necessário sentir para ter certeza.

O nosso amor a gente inventa.

O teu amor é uma mentira,
que a minha vaidade quer
E o meu poesia de cego,
você não pode ver.

Cazuza

Abracadabra!

Ao percorrer o caminho de um extremo ao outro pela linha entre os sonhos e os pesadelos, há o alcance dos objetivos, a satisfação e as flores pelo caminho...
Até deparar-se com a verdade, cair em um poço profundo onde os bons sentimentos e as melhores intenções tiram as máscaras mostrando-lhe a farsa bem planejada e executada, lobos em pele de cordeiros.
Bem vinda ao mundo real menina burra!
"Tinha desejos violentos, pequenas gulas, ciúmes que doíam, urgências perigosas, enternecimentos melados, ódios virulentos. Ouvia canções lamentosas, bebia para despertar fantasmas distraídos, chorava excessivamente, relia ou escrevia cartas apaixonadas, transbordantes de rosas e abismos. Exausto então, afogava-se num sono por vezes sem sonhos... "

Caio Fernando Abreu.

Desataram-se os nós do silêncio.

Enganei-me ao crer que há metades espalhadas pelo mundo, somos seres individuais e mudanças nos faz assim, inconstantes!
Cansei-me das tentativas externas de me igualarem, embora seja por boas intenções (olhar externo que discordo).
Definitivamente eu não sou, não me sinto, não me vejo, não quero e não tento ser igual, principalmente por dentro, de alma, é onde encontra-se a minha maior diferença, autenticidade.
Encomoda-me o fato de tantos pensamentos não serem expostos, eu estou disposta a ouvir o que desrespeito a mim, porém, minha disposição é maior para explicar-me, embora não me agrade esse hábito, momentaneamente sinto necessidade do mesmo para que haja alguma compreensão, o cessar que tanto desejo, mas enquanto isso não acontece por outras ruas caminharei, espalhando meus ladrilhos para nunca esquecer da onde eu vim.
Inunda-me a alma de lágrimas tantas angústias que acumulo, as mesmas por sua vez são pequenas, outras um pouco maiores, porém, camuflo-as aos olhos de terceiros por não saber medi-las e até prefiro continuar leiga quanto a isso, afinal, cada dia é uma vivência, uma experiência, assim, tão inconstante como eu é o tamanho das dores que carrego, depende de como a vejo passar, mas acima de tudo, do meu estado de espírito quando a mesma passa por mim.

Encontro-me em lugar algum.
Perco-me com tanta facilidade.
O tal destino é inexistente.
E então pergunto ao universo...
Onde estou? Onde irei? Onde é o meu lugar?
Crie! Invente! A vida nada mais é do que desenhar sem borracha.
Por mais que possua as ferramentas, há tanta dificuldade em avistá-las, usá-las...
Há apenas a necessidade da clareza.
Com manual picado, recolho pedaço por pedaço e tento construí-lo em busca da aprendizagem, das respostas.

Por vezes, ter me tornado atéia deixa-me a toa, respostas e fugas que pensava possuir, eu "perdi", ou melhor, desalienei-me!

A Claricear ...

"Eu me tornei intolerável para mim mesma. Vivo numa dualidade dilacerante. Eu tenho uma aparente liberdade mas estou presa dentro de mim."

"Vejo a liberdade como uma forma de beleza e essa beleza me falta."

"Acordei hoje com tal nostalgia de ser feliz. Eu nunca fui livre na minha vida inteira. Por dentro eu sempre me persegui."

"Entregar-me ao que não entendo será pôr-me à beira do nada."

"O que me mata é o cotidiano. Eu queria só exceções."

"Deixo-me acontecer."

"Eu respiro o infinito. Olhando para o céu, fico tonta de mim mesma."

"Querer entender é das piores coisas que podiam me acontecer."


"Não sou pretensiosa. Escrevo para mim, para que eu sinta a minha alma falando e cantando, às vezes chorando..."

"E eu? quem sou? como é que me classificaram? Deram-me um número? Sinto-me numerificada e toda apertada. Mal caibo dentro de mim..."

"
Minhas desequilibradas palavras são o luxo de meu silêncio."

"
Por favor me poupem. Estou tão só. Eu e meus rituais..."

"
Minha história é galante. Sou uma carta anônima. Não assino o que escrevo. Os outros que assinem..."

"
No fundo sou sozinha. Há verdades que nem a Deus eu contei. E nem a mim mesma. Sou um segredo fechado a sete chaves..."

"
Estou can-sa-da. De ser im-com-pre-en-sí-vel. Mas Não quero que me compreendam senão perco minha intimidade sagrada..."

"
Não me prendo a nada que me defina."

...constantemente!

Carente profissional

Tudo azul
No céu desbotado
E alma lavada
Sem ter onde secar
Eu corro, eu berro
Nem dopante me dopa
A vida me endoida
Eu mereço um lugar ao sol
Mereço ganhar prá ser
Carente profissional
Carente...
Se eu vou pra casa
Vai faltando um pedaço
Se eu fico, eu venço
Eu ganho pelo cansaço
Dois olhos verdes
Da cor da fumaça
E o veneno da raça
Eu mereço um lugar ao sol
Mereço ganhar pra ser
Carente profissional
Carente...
Levando em frente
Um coração dependente
Viciado em amar errado
Crente que o que ele sente
É sagrado
E é tudo piada
E é tudo piada
Eu mereço um lugar ao sol
Mereço ganhar pra ser
Carente profissional
Carente...

Cazuza

Cigarro

A solidão é meu cigarro

Não sei de nada e não sou de ninguém
Eu entro no meu carro e corro
Corro demais só pra te ver, meu bem

Um vinho, um travo amargo e morro
Eu sigo só porque é o que me convém
Minha canção é meu socorro
Se o mar virar sertão, o que é que tem?

Dias vão, dias vêm, uns em vão, outros nem
Quem saberá a cura do meu coração se não eu?
Não creio em santos e poetas
Perguntei tanto e ninguém nunca respondeu
Melhor é dar razão a quem perdoa
Melhor é dar perdão a quem perdeu

O amor é pedra no abismo
A meio-passo entre o mal e o bem
Com meus botões à noite cismo
Pra que os trilhos, se não passa o trem?

Os mortos sabem mais que os vivos
Sabem o gosto que a morte tem
Pra rir tem todos os motivos
Os seus segredos vão contar a quem?

Dias vão, dias vêm, uns em vão, outros nem
Quem saberá a cura do meu coração se não eu?
Não creio em santos e poetas
Perguntei tanto e ninguém nunca respondeu
Melhor é dar razão a quem perdoa
Melhor é dar perdão a quem perdeu

Não creio em santos e poetas
Perguntei tanto e ninguém nunca respondeu
Melhor é dar razão a quem perdoa
Melhor é dar perdão a quem perdeu

Zeca Baleiro

[ http://www.youtube.com/watch?v=-3N30X3XRlY&feature=player_embedded ]

Devaneio infinito.

Hoje estava a ouvir canções de amor, bonitas, que raramente paro pra ouvir e analisar as letras, porém, dessa vez foi diferente, senti uma saudade de um afago, de um carinho, como nunca antes sentido ao ouvi-las.
Encontro-me nesse momento a procura do ombro amigo, do abraço fraterno, da compreensão a partir olhar a dispensar palavras, da mão estendida que transborda verdadeiramente boas intenções.
Um misto de carência, problemas, necessidades.
Não me reconheço nas atuais proximidades.
Amedronta-me essa insegurança que estou a sentir, não sinto o chão!
Preciso de um caminho concreto, um canto pra repousar minha alma, minhas asas.
As mudanças me endoidam! Viver me surta!

Percorro em busca da calma, da paz, do amor!

Sinto-me tão transcedental, down, uma infinidade de 'owns' que ecoam em minha mente.

Solidão!

outubro 03, 2010

Olha lá!

Olha lá,
quem a vê sempre maquiada de preto, com traços perfeitos nos olhos, mal sabe quantas lágrimas já foram derramadas pelos mesmos.
Olha lá,
quem a vê andando desajeitada, distraída com seus pensamentos e atenta a todos os movimentos, mal sabe por onde as asas da sua imaginação vagueiam.
Olha lá,
quem a vê sempre arrumada, com all star no pé e propositalmente largada, mal sabe o seu estado metamorfósico.
Olha lá,
quem a vê e julga pela sua aparência, mal sabe o que se passa no seu mundo interno tão conturbado, devagar e acelerado.
Olha lá,
quem a vê com rosto de uma pequena menina, mal sabe que teu racícinio é de uma grande mulher.
Olha lá,
quem a vê tão sorridente, mal sabe o conforto que ela encontra no silêncio noturno.
Olha lá,
quem a vê rodeada por tantas pessoas, mal sabe o anti-socialismo a impera.
Olha lá,
quem a vê tão quieta, mal sabe o oceano de palavras que navegam dentro dela.
Olha lá! Olha lá! Olha lá...